Uma pesquisa encomendada pela Johnson & Johnson ao Ibope revelou a opinião dos brasileiros acerca das demonstrações de carinho.O levantamento que contou com dois mil entrevistados, mostrou que 62% da população considera o afeto importante em suas vidas.
Além disso, o brasileiro descreve o carinho é como amor (43%), atenção (19%) e afetividade (13%). “Quando se associa às palavras amor, atenção e afetividade como foi mostrado nesta pesquisa do IBOPE, a pessoa entende que carinho é a manifestação concreta de tudo isso, desse sentimento genuíno em relação à outra pessoa. Foi muito interessante constatar que o brasileiro tem absoluta clareza sobre estes sentimentos”, afirma o Prof. Dr. José Roberto Leite, coordenador da Unidade de Medicina Comportamental, do Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo – Unifesp e fundador do CEMCO – Centro de Estudos em Medicina Comportamental, que analisou a pesquisa.
Como esperado, as mulheres são mais carinhosas (69%) do que os homens (54%). Por outro lado, são os homens que sentem mais falta de carinho (30% contra 26% das mulheres). “Há um aspecto sociocultural que temos que considerar, pois para o homem é mais difícil vencer o preconceito em assumir que o carinho é importante para sua vida”, explica Leite. Mas uma boa parcela da população brasileira ainda se sente carente. Enquanto 35% afirmaram que receberam muito carinho em suas vidas, 28% declararam não ter recebido. Já 21% dos brasileiros disseram não ter manifestado carinho a ninguém. “A correria do dia a dia, estilo de vida, entre outros fatores estressantes, podem ter influenciado este resultado”, comenta.
Se o carinho é muito relevante, o dinheiro não ocupa a mesma posição: apenas 28% disseram que o dinheiro é muito importante na vida. “Isso confirma os dados da literatura científica de que não há uma relação direta entre poder econômico e felicidade. Por exemplo, no ranking dos países mais felizes do mundo, a Indonésia, um país com poucos recursos, ocupa o primeiro lugar da lista”, explica.
Já no âmbito familiar, mais de um terço da população acredita que atualmente existe mais carinho na família do que antigamente. “O relacionamento nas famílias era “um tanto frio”, distante, sem muito afeto. Éramos criados para ficar quieto e respeitar o mais velho. E isso nos condicionava a não expressar o que sentíamos. Acabávamos trocando o afeto por desempenho. Esse era o padrão cultural daquela época. Hoje a relação entre pais e filhos é muito mais próxima e aberta”, lembra o Prof. Dr. José Roberto Leite.
Em contrapartida, no ambiente social 77% declararam que há menos carinho no mundo. Dentre os motivos que levam os brasileiros a acreditar que existe menos carinho no mundo atualmente, destacam-se o egoísmo (46%), o trabalho em excesso (13%) e o medo das pessoas em expressar os seus sentimentos (13%). “A competitividade é um dos principais fatores que resultam em egoísmo”, afirma o Prof. “Em tudo temos que mostrar nossa eficiência e ficamos muito tempo ocupados com isso. Seja a concorrência no trabalho, na escola, em todas as ocasiões estamos sempre competindo e temos que ser melhores que os outros”, ressalta.
Quando perguntados se estariam propensos a ajudar um desconhecido, 29% se mostraram disponíveis enquanto 32% não demonstraram a mesma predisposição. Para Leite, o resultado é bastante positivo, uma vez que mesmo com a violência crescente, boa parcela da população ainda está disposta a ajudar um desconhecido. “Isso é muito interessante. Isso se correlaciona seguramente com o aspecto do carinho e amor”, afirma.
Ciência do bem-estar
A busca pelo bem-estar geral, que passa pelo bom relacionamento humano, continua interessando muito o meio acadêmico e a equipe do Prof. José Roberto Leite, que está prestes iniciar uma pesquisa clínica que pretende avaliar cientificamente tudo isso. “Entre outros fatores, estudaremos a estratégia que chamamos de gestão de vida, que é um procedimento no qual a pessoa é treinada a certas ações para comandar de fato sua vida como um todo, percebendo-a em diversos segmentos: o aspecto financeiro, as relações humanas, o desenvolvimento pessoal (psiquico e físico)”, explica.
“Primeiro aprenderá a estratégia de gestão da própria vida, entenderá o conceito de alguns exercícios práticos que depois os adaptará de acordo com seu jeito. Depois, uma série de ações para gerenciar o aspecto emocional, da relação que em geral leva o indivíduo a muito sofrimento. O objetivo é promovermos o bem-estar nas pessoas e há técnicas para isso”, finaliza comentando que eles já possuem estudos empíricos que provaram a eficácia de técnicas como esta.
Prof. Dr. Jose Roberto Leite foi um dos mentores das ideias que geraram o conceito da Inteligência Comportamental Humana e da Liderança Comportamental. Integra também o grupo de Professores do P.E.N.C.A.T. – Programa Especial de Neurociencias do Comportamento aplicada a Treinamento, educação e gestão de pessoas.